sexta-feira, 28 de maio de 2010

Filosofia Medieval (do século VIII ao século XIV)

Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a Filosofia Medieval também passa a ser conhecida com o nome de ESCOLÁSTICA.
A Filosofia Medieval têm como influências principais Platão e Aristóteles. Conversando e discutindo os mesmos problemas que a patrística, a Filosofia Medieval acrescentou outros – particularmente um, conhecido com o nome de Problemas Universais – e, além de Platão e Aristóteles, sofreu uma grande influência das idéias de Santo Agostinho. Durante esse período surge propriamente a Filosofia Cristã, que é, na verdade, a teologia. Um de seus temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da imortalidade da alma, isto é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do espírito humano imortal.
Os pensadores medievais mais importantes foram:
Do lado europeu: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura.
Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli.
Do lado judaico: Maimônides, Nehmanides, Yeudah bem Levi.

SANTO TOMÁS DE AQUINO - Nascido em uma família de nobres, Tomás de Aquino fez os primeiros estudos no castelo de Monte Cassino. Em Nápoles, para onde foi em 1239, estudou artes liberais, ingressando, em seguida, na Ordem dos Dominicanos, em 1244. A primeira questão de que se ocupa Tomás de Aquino - na Suma Teológica, sua obra máxima - é a das relações entre a ciência e a fé, a filosofia e a teologia. Fundada na revelação, a teologia é a ciência suprema, da qual a filosofia é serva ou auxiliar. À filosofia, procedendo de acordo com a razão, cabe demonstrar a existência e a natureza de Deus. Profundamente influenciado por Aristóteles, Tomás de Aquino sustenta que nada está na inteligência que não tenha estado antes nos sentidos. O homem, segundo Tomás de Aquino, só pode desejar o que conhece, razão pela qual há duas espécies de apetites ou desejos: os sensíveis e os intelectuais. Os primeiros, relativos aos objetos sensíveis, produzem as paixões, cuja raiz é o amor. Quanto aos segundos, produzem a vontade, apetite da alma em relação a um bem que lhe é apresentado pela inteligência como tal.
ROGER BACON o mestre inglês Roger Bacon, franciscano, enfatizou a distinção entre a experiência interna e a experiência externa, a primeira relacionada à experiência dos sentidos, a segunda relacionada a atividades internas da mente. Trabalhou a maior parte de sua vida em línguas, matemática, em sistema ótico e em ciências. Disse que "a matemática é a porta e a chave das ciências", um pronunciamento ousado para sua época. Sua contribuição matemática mais importante foi a aplicação da geometria ao sistema ótico. Roger Bacon também se destacou pelo seu trabalho de alquimia, prática que, embora condenada pela Igreja medieval, ele exercia em segredo. Após seu trabalho ser descoberto pela Igreja, foi perseguido e preso por dez anos. Morreu pouco após sua liberdade ser concedida pela Inquisição, com oitenta anos de idade.
AVICENA -, filho de um homem de negócios, logo cedo distingui-se no domínio das ciências antes de completar os 16 anos, exercendo a prática de medicina. Suas obras sobre medicina ainda eram reimpressas no século XVII. Além de gramática, geometria, física, jurisprudência e teologia, estudou profundamente a filosofia platônica e aristotélica. Uma das suas principais descobertas foi a capilaridade, sendo que a teoria desenvolvida por ele possibilitou a movimentação de fluidos sem a necessidade de impulsão mecânica, facilitando a hidráulica e trazendo benefícios perceptíveis até hoje (a destilação de substâncias químicas, por exemplo). O seu texto filosófico mais importante é o Kitab al-Shifa, A cura da ignorância, onde aborda temas como física, matemática, geometria, aritmética, música e astronomia.
MOISÉS MAIMÔNIDES judeu foi médico, filósofo e teólogo que formulou 13 princípios da fé hebraica. O homem é livre tanto para conhecer o que quiser como para agir da forma que quiser, mas Deus através da sua providência conhece e comanda o futuro das ações humanas. Para Maimônides a alma é essencialmente única, mas tem em si cinco faculdades: A força vital; os sentidos; a imaginação; as paixões e vontades; e a razão que nos dá liberdade de compreenção. A razão é a faculdade que diferencia o homem e o faz ser o que é, as outras são compartilhadas também pelos animais.

FILOSOFIA PATRÍSTICA - Do século I ao século VIII

Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval. A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião - o Cristianismo - com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela.
A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, SANTO AGOSTINHO, Beda e Boécio.
A patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a idéia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio, a idéia de "homem interior", isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela existência do mal no mundo.
Para impor as idéias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus . Por serem decretos divinos, seriam DOGMAS, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia patrística é o da possibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito, havia três posições principais:
1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: "Creio ").
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: "Creio para compreender").
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

Santo Agostinho de Hipona – a relação entre fé e razão
Para compreender a filosofia de Santo Agostinho precisamos entender conceitos augustinianos de fé e razão e o modo como se serve deles. Santo Agostinho não se preocupa em traçar fronteiras entre a fé e a razão. Para ele, o processo do conhecimento é o seguinte:
A razão ajuda o homem a alcançar a fé. A fé orienta e ilumina a razão; A razão , contribui para esclarecer os conteúdos da fé.
Para Santo Agostinho, «o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre»; expressa assim um conceito antropológico básico. A alma possui duas razões: a razão inferior e a razão superior.
A RAZÃO INFERIOR tem por objeto o conhecimento da realidade sensível e mutável: é a ciência, conhecimento que permite cobrir as nossas necessidades. A RAZÃO SUPERIOR tem por objeto a sabedoria, isto é, o conhecimento das idéias, do inteligível, para se elevar até Deus. Nesta razão superior dá-se a iluminação de Deus.
Boécio (480 - 525) – o ultimo romano
Boécio acreditava que a cultura latina do seu tempo estava em crise e buscou na preservação e difusão da cultura grega a solução para essa fase difícil que passava o conhecimento romano. Boécio traduziu para o latim alguns livros de Aristóteles e Platão.
Para o filósofo, os seres universais como O Belo, O homem, O Universo, existem somente enquanto idéias em nosso intelecto. São conceitos imateriais, pois são abstrações que nós criamos para entender a realidade. Sendo a filosofia o amor à sabedoria e causa suficiente de si mesma, ela é também a busca pelo conhecimento de Deus, pois ele é a sabedoria absoluta. Como sabedoria absoluta, é a verdadeira felicidade.
Todas as coisas são feitas para atingir o bem, e não o mal. O mal é um erro de análise feito por pessoas de pouco conhecimento. Elas buscam o bem, mas por um cálculo falho, por um exame imperfeito causado pela falta de conhecimento, elas fazem o mal.
Se Deus tem um destino para os seres humanos esse destino destrói a liberdade de sermos quem quisermos ser e fazermos o que quisermos fazer. Para Boécio Deus realmente sabe tudo o que vai acontecer, mas não existe a necessidade de que tudo o que ele sabe que possa acontecer aconteça realmente. Para Deus não existe passado ou futuro, mas um constante presente e um conhecimento completo de tudo que aconteceu ou pode acontecer.

ARISTÓTELES – INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE LÓGICA E ÉTICA

Enquanto Platão utilizava-se apenas da razão para entender o mundo, Aristóteles usou também os sentidos, a observação. Ao contrário de Platão, que chegou a conclusão que as idéias eram inatas, Aristóteles chegou a conclusão que a RAZÃO é inata. A idéia precisa da realidade para se desenvolver.
A realidade é formada pela SUBSTÂNCIA e pela FORMA. Onde FORMA são as características físicas e biológicas. SUBSTÂNCIA é tudo o que um ser único, entre todos da espécie.
Aristóteles queria por ordem nas coisas, para isso ele iniciou a LÓGICA, enquanto ciência.

Vamos dar uma parada. O que é LÓGICA?
Lógica é uma parte da filosofia que estuda o fundamento, as estruturas e as expressões humanas do conhecimento. A lógica foi criada por Aristóteles no século IV a.C. para estudar o pensamento humano e distinguir interferências e argumentos certos e errados.
Aristóteles estabeleceu um conjunto de regras rígidas para que conclusões pudessem ser aceitas como válidas: o emprego da lógica leva a uma linha de raciocínio baseado em premissas e conclusões. Por exemplo: se for observado que "todo ser vivo é mortal" (premissa 1), a seguir é constatado que "João é um ser vivo" (premissa 2), como conclusão temos que "João é mortal".
A Lógica ao mesmo tempo em que define as leis ideais do pensamento, estabelece as regras do pensamento correto, cujo conjunto constitui uma arte de pensar. Define-se também que a lógica é a ciência do raciocínio correto. Em outras palavras, lógica é arte que nos faz pensar e agir, com ordem, facilmente e sem erro, um ato próprio da razão.

Voltando ...
Aristóteles começou dividindo as coisas em ANIMADAS e INANIMADAS. INANIMADAS – tudo o que não se desenvolve sozinho (pedras, fogo, água, ar). ANIMADAS tudo o que possui dentro de si a potencialidade de transformação (todos os seres vivos). Tudo o que vive (plantas, animais e pessoas) têm a capacidade de se alimentar, crescer e reproduzir. Animais e homens interagem com o meio, se locomovem. E de todas as espécies animais, o homem PENSA. Como a cadeia alimentar onde os carnívoros estão no topo, na cadeia da natureza, o homem está no topo da escada, porque pensa.
Já que o homem está no topo da escada da natureza, do que ele precisa para viver? A resposta de Aristóteles é ser feliz!
Para Aristóteles a felicidade do homem se dá de três formas distintas. Felicidade dos prazeres e satisfações –tudo o que pode ser satisfeito pelos sentidos (sede, fome, frio, som muito alto, etc. ). Felicidade da liberdade – só o cidadão livre, que pode expor suas opiniões sem medo, é feliz. Felicidade do estudo – o autoconhecimento e o conhecimento de tudo o que o cerca, o conhecimento da verdade das coisas.
A harmonia, (felicidade) está em ter em constante equilíbrio (ética) entre estas três formas de felicidade, sem excessos. Exemplo: coragem demais = audácia; coragem de menos = covardia. Generosidade demais – extravagância; generosidade de menos = avareza.

Vamos aos conceitos principais:
ÉTICA : A palavra ética se origina do termo grego ethos, que significa "modo de ser", "caráter", "costume", "comportamento". De fato, a ética é o estudo desses aspectos do ser humano: por um lado, procurando descobrir o que está por trás do nosso modo de ser e de agir; por outro, procurando estabelecer as maneiras mais convenientes de sermos e agirmos. Assim, pode-se dizer que a ética trata do que é "bom" e do que é "mau" para nós

MORAL: Finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral. Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano, ciência dos costumes, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório

QUAL A DIFERENÇA ENTRE MORAL E ÉTICA? Enquanto a moral tem caráter prático, imediato, restrito, histórico, relativo, a ética é a reflexão filosófica sobre a moral, procura justificativas, é um guia para uma ação futura, é a orientação para a vida e o conviver. Cada vez é mais necessário uma ética aplicada, uma ética que coexista com o quotidiano das pessoas. A ética é também específica, dividida em ramos, para melhorar e analisar cada situação, sendo um bom exemplo disso os códigos éticos para as diferentes profissões. Isto acontece porque as pessoas têm que entender que as suas ações têm conseqüências não só para si mas também para os outros, e que estas não podem ser encaradas só de um ponto de vista

Aristóteles II

Aristóteles – período sistemático
Enquanto Platão utilizava-se apenas da razão para entender o mundo, Aristóteles usou também os sentidos, a observação. Ao contrário de Platão, que chegou a conclusão que as idéias eram inatas, Aristóteles chegou a conclusão que a RAZÃO é inata. A idéia precisa da realidade para se desenvolver.
A realidade é formada pela SUBSTÂNCIA e pela FORMA. Onde FORMA são as características físicas e biológicas. SUBSTÂNCIA é tudo o que um ser único, entre todos da espécie.
Aristóteles queria por ordem nas coisas, para isso ele iniciou os LÓGICA, enquanto ciência. Ele começou dividindo as coisas em ANIMADAS e INANIMADAS. INANIMADAS – tudo o que não se desenvolve sozinho (pedras, fogo, água, ar). ANIMADAS tudo o que possui dentro de si a potencialidade de transformação (todos os seres vivos). Tudo o que vive (plantas, animais e pessoas) têm a capacidade de alimentarem-se, crescer e reproduzirem-se. Animais e homens interagem com o meio, se locomovem. E de todas as espécies animais, o homem PENSA. Como a cadeia alimentar onde os carnívoros estão no topo, na cadeia da natureza, o homem está no topo da escada.
Já que o homem está no topo da escada da natureza, do que ele precisa para viver? A resposta de Aristóteles é ser feliz! Para Aristóteles a felicidade do homem se dá de três formas distinta. Felicidade dos prazeres e satisfações – que é tudo o que pode ser satisfeito pelos sentidos. Felicidade da liberdade – só o cidadão livre, que pode expor suas opiniões sem medo, é feliz. Felicidade do estudo – o autoconhecimento e o conhecimento de tudo o que o cerca.
A harmonia, a ética (felicidade) está em ter em constante equilíbrio estas três formas de felicidade, sem excessos. Exemplo: coragem demais = audácia; coragem de menos = covardia. Generosidade demais – extravagância; generosidade de menos = avareza.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Período Pós Socrático ou Helenístico

O período helenístico foi o último período da filosofia grega antiga, marcada pela expansão do pensamento ocidental para diversas regiões da Europa. Nesse período, as cidades gregas não mais existiam como centros políticos, pois os filósofos acreditavam que o mundo em si representava a cidade e que eles eram cidadãos do mundo.
Também conhecido como Filosofia Cosmopolita, esse período desprezava as fronteiras geográficas impostas pelas sociedades com o intuito de expandir o pensamento filosófico. Acreditavam que apesar das fronteiras, os seres humanos eram todos componentes de uma única nação, estando ou não em territórios geográficos diferentes. Nesse período ficaram conhecidos quatro sistemas filosóficos que influenciaram o pensamento cristão durante muitos séculos: o estoicismo, o epicurismo, o ceticismo e neoplatonismo. A miscigenação entre a cultura ocidental e oriental fez com que a filosofia fosse acrescida com aspectos místicos e religiosos.
Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura. Ao eliminar o dogmatismo e suspender as crenças, o ceticismo anula igualmente a noção de Bem e Mal e, junto com ela, todas as oposições, desnudando-lhes o caráter relativo. Exemplo: esquerda e direita em relação a quê?
Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para chegar ao prazer. Epicuro representa um esforço para libertar a alma humana de equívocos ou de crenças sem fundamentos. A filosofia, para Epicuro, deveria servir ao homem como instrumento de libertação e como via de acesso à verdadeira felicidade. A felicidade consiste na serenidade de espírito. Fruto da consciência de que é ao homem que compete conseguir o domínio de si mesmo.
Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento. O estoicismo grego propõe uma imagem do universo segundo a qual tudo o que é corpóreo é semelhante a um ser vivo, no qual existiria um sopro vital (alma ou pneuma), cuja tensão explicaria a junção e interdependência das partes. No seu conjunto, o universo seria igualmente um corpo vivo provido de um sopro ígneo (sua alma), que reteria as partes e garantiria a coesão do todo. Essa alma é identificada, por Zenão, como razão, e assim o mundo seria inteiramente racional. A Razão Universal (Logos), que tudo penetra e comanda, tende a eliminar todo tipo de irracionalidade, tanto na natureza, quanto na conduta humana, não havendo lugar no universo para o acaso ou a desordem
Neoplatonismo: O neoplatonismo constituiu a mais perfeita manifestação de sincretismo religioso (fusão entre duas ou mais crenças). O neoplatonismo julga poder superar, completar, integrar a filosofia mediante a religião. Enquanto o racionalismo grego fornece a forma, o misticismo oriental o conteúdo. Teve em Plotino (204-270) seu principal representante. Para o neoplatonismo todos os seres resultariam de sucessivas emanações do Um, do divino, transcendente e inefável, atingido apenas pelo êxtase contemplativo (transe) que é superior à filosofia .

Complementando Sócrates, Platão e Aristóteles

Sócrates e Platão – período socrático ou antropológico
Por fazer do autoconhecimento, a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico (estudo e compreensão do comportamento humano). Voltado para o conhecimento do homem, seu espírito e sua capacidade de conhecer a verdade. Os ensinamentos de Sócrates são descritos por Platão em suas obras. Nas obras Platão descreve diálogos onde Sócrates pergunta às pessoas: Você acredita que justiça é importante, mas o que é justiça? Você acha coragem importante, mas o que é coragem? Você diz que ama as coisas belas, mas o que é beleza? Você crê que seus amigos são teu tesouro, mas o que é amizade? Sócrates fazia perguntas sobre valores e idéias sobre os quais os gregos pensavam conhecer. Para Sócrates a consciência da própria ignorância é o começo da filosofia.
O período socrático caracteriza-se pela:
1. Filosofia voltada para as questões humanas
2. O homem como ser racional. Capaz de reflexão
3. Reconhecimento da capacidade de conhecimento do homem
4. Definição da filosofia das virtudes – para o homem, para a política
5. Ampliação e definição de valor, justiça, coragem, amizade, piedade, amor, beleza, temperança, prudência
6. Definições de essência/ conceito/idéia ( como verdade real alcançada pelo ato de pensar não pelos sentidos, intemporal, imutável, universal). Opinião/ dóxa (verdade baseada nas sensações, emoções, instável, mutável, variável dependendo de cada pessoa). Sensível (coisas materiais, com corpo físico). Inteligível (conhecimento verdadeiro, idéias imateriais e incorpóreas
Para Platão a filosofia é o esforço do pensamento para abandonar o sensível e passar ao intelegível.

Aristóteles – período sistemático
Aristóteles transcreve o conhecimento grego acumulado durante quatro séculos de estudos e pesquisas. O estudo do pensamento e seus princípios foi denominado de lógica. O conhecimento foi dividido em ciências menores (epistéme):
1. Ciências produtivas: tudo o que envolvesse o estudo de técnicas e práticas produtivas, artísticas, humanas que resultassem num produto final.
2. Ciências práticas / ética : estudo das práticas humanas . Para Aristóteles a política é superior a ética, pois traz a liberdade. Sem liberdade o homem não pode ter uma vida virtuosa, ética. A finalidade da política é oferecer vida justa, boa e bela, livre da ética e da moral.
3. Ciências contemplativas ou teoréticas: estudo das coisas que existem independente da vontade humana. As ciências contemplativas foram divididas em:
a) Ciências das coisas naturais submetidas às mudanças: física, biologia, meteorologia, psicologia,
b) Ciências das coisas naturais não sujeitas às mudanças: matemática, astronomia
c) Ciência da realidade pura: tudo o que não é natural, mutável ou imutável, nem resultado da ação ou fabricação humana, denominado metafísica ( tudo o que vem após a física).
d) Ciências das coisas divinas – teologia, estudo da relação homem e Deus.
Seguindo a descrição acima, temos a filosofia aristotélica em três grandes campos:
1) O conhecimento do ser: conhecimento real ou da essência das coisas (ontologia)
2) Conhecimento das ações humanas: ética, valores individuais e coletivos, política
3) Conhecimento da capacidade humana de conhecer – o reconhecimento do pensamento, a lógica, o conhecimento científico, a epistemologia (teoria do conhecimento).