quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Bem e o Mal: podemos sempre (re) conhecê-los? - parte II

Devemos sempre discutir a luta Bem x Mal, o link abaixo direciona para o artigo "A humilhação das colaboracionistas", por Jean-Paul Picaper, publicada pela Revista História Viva em fev/2006. O artigo mostra-nos a realidade do "gosto de sangue na boca e do brilho demente no olhar". Boa leitura.... http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_humilhacao_das_colaboracionistas.html

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O Nome da Rosa - conhecendo o cotidiano medieval, compreendendo a filosofia

O filme “O nome da Rosa”, baseado no livro de Umberto Eco. A obra se desenrola na última semana de novembro de 1327 num mosteiro beneditino construído no século XIII nas montanhas italianas e tem como trama a investigação da morte de sete monges em sete dias. O título escolhido: “o nome da Rosa” era uma expressão usada na Idade Média que servia para denotar o infinito poder das palavras e este é o ponto principal da estória, pois a igreja tenta a todo custo “apagar” as palavras de Aristóteles, um filósofo extremamente conceituado pelo clero pelo fato da igreja ter assumido o sistema cosmológico do grego, que colocava que o universo era composto de duas regiões: o céu e a terra. Teoria esta que se afinava com o Gênesis bíblico. Aristóteles passou a ser figura respeitável do clero quando São Thomas de Aquino, uma expoente figura da teologia cristã inseriu no cristianismo a ciência e a filosofia de Aristóteles, passando inclusive a ser chamado por muitos do clero como “O Filósofo”, portanto, contrariar Aristóteles era o mesmo que contrariar as sagradas escrituras. Aristóteles que era até então “usado” pela igreja passa a ser um “problema” quando é descoberto o segundo volume de uma obra sua sobre a Poética que tratava da comédia. O suposto segundo volume da obra de Aristóteles pregava a natureza boa e cognitiva do riso, fato que era inaceitável para a igreja na Idade Média que ligava o riso ao diabo, e a obra sobre a comédia dizia ser o riso e a sátira remédios milagrosos. Muito interessante é o uso do exagero dos defeitos, do feio, dos vícios pelos personagens do filme, utilizando-se dos 7 pecados capitais (a gula, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, o orgulho e até a preguiça através da vida contemplativa e também sustentada dos monges). Diante deste cenário, para desvendar os assassinatos dos monges é chamado o ex-inquisidor William de Baskervile, que na estória representa a “razão filosófica” e a “ciência” e ele é apresentado como um homem de idéias e procedimentos avançados para a época, pois traz consigo dois instrumentos: o astrolábio e um quadrante. Estes instrumentos eram usados pelos mouros e eram desconhecidos pela maioria dos cristãos. Outro objeto de William de Baskervile eram suas lentes de leitura que pode nos levar a imagem do homem que procura enxergar melhor o conhecimento. William é uma figura criteriosamente escrita por Umberto Eco: é franciscano (que na época conflitavam com os beneditinos), é científico (e assim opõe-se a crença cega religiosa), é justo (e assim não pode ser peça de manipulação no jogo de interesses da igreja), porém a maior representação de William é a “razão”. Duas falas do filme que penso ser interessante citar, ambas ditas por William de Baskerville ao seu aprendiz Adson: “A única prova que vejo do demônio é o desejo de todos em vê-lo atuar” Frase que retrata a posição de que o homem prefere criar e manter um erro para manter para si a aparência de que está certo. Sintetizando: a arrogância e a hipocrisia são criações humanas e não divinas. A outra frase dita por William é: “A dúvida é inimiga da fé”. Frase que sintetiza a filosofia, pois o propósito do filósofo é o de buscar o saber e não simplesmente crer, por isso a filosofia é a arte do questionar. Para finalizar fica um questionamento: Por que Adson não ficou com a sua mulher amada? E como desfecho fica uma citação: “O coração tem razões que a razão desconhece”.